domingo, 12 de dezembro de 2010

Venlafaxina

Há alguns dias, tive uma crise de abstinência, em meio a sinais e sintomas diversos, que incluiam náusea, falta de apetite, oscilações da pressão arterial, sudorese, cefaléia, espasmos musculares e estado de hipomania (auto-estima inflada, diminuição da necessidade de sono, agitação motora, humor anormal - persistentemente elevado, expansivo ou irritável - envolvimento excessivo em atividades prazerosas com um alto potencial para consequências dolorosas, etc.).

Lembrei-me, então, que estes sintomas poderiam estar relacionados com a suspensão, por conta própria, do meu tratamento com Venlafaxina, que é um medicamento de uso controlado, indicado para o tratamento de depressão, depressão associada à ansiedade e TOC, age pela potenciação da atividade neurotransmissora no Sistema Nervoso Central com a inibição da recaptação da serotonina, norepinefrina e dopamina, vem sendo amplamente empregado pela psiquiatria, com bons resultados na estabilização dos quadros mencionados e, ao meu ver, ocupando o título, outrora, do Prozac.

Ao pesquisar na internet, percebi que as pessoas enfrentam um verdadeiro drama no momento da retirada da Venlafaxina, contribuindo para isso: I. A insegurança, pois a medicação passa a agir de forma considerável nos processos químicos cerebrais e, por conseguinte, no comportamento e, dentre seus usuários, encontram-se pessoas que procuraram o atendimento psiquiátrico em virtude do caos que suas vidas se tornaram, desta forma, o medo de retornar ao estado anterior; II. Crises de abstinência que podem ser controladas com a administração de ansiolíticos e a diminuição gradual da dosagem; III. A adaptação a um novo medicamento para aqueles que não tiveram afinidade com a fórmula ou não apresentaram melhora do quadro.

Cabe ressaltar que este produto não é disponibilizado na rede pública de saúde, que aliás encontra-se bem aquém na evolução medicamentosa em psiquiatria, numa época em que presenciamos uma verdadeira epidemia de transtornos psiquiátricos.

Uma segunda surpresa foi encontrar defensores da redução drástica da indicação deste tipo de medicação, mostrando como opções o desenvolvimento da auto-estima, fé, flow (estado de gratificação em que o indivíduo entra quando se sente completamente engajado no que esta fazendo em um dado momento, sensação de que o tempo para), etc.

É notório, que o homem adentrou, desde meados do século XIX, em um sistema de industrialização e  sistematização do trabalho que implica cada vez mais na perda de características inatas do indivíduo para  atender às exigências da produção em série, da busca pelo lucro a qualquer preço, da pontualidade, do consumismo, etc., confundindo-se com máquinas e deteriorando, aos poucos, sua qualidade de vida, e consequentemente, ficando sujeito ao surgimento das doenças psicossomáticas, ansiedade, depressão e fobias. 

Frente a este aglomerado de informações e surpresas, pensei: Até que ponto o indivíduo é responsável por suas desordens emocionais?

Não pretendo, de forma alguma, criticar o uso de medicações controladas, meu intuito com este post, como todos os demais que vier a publicar é o de fornecer um princípio para discussões dos temas abordados, receber sugestões de novos temas, e assim, procurar diminuir a relatividade das verdades, que nunca serão absolutas.


















Um comentário:

  1. Tambem resolvi suspender por contra propria após 3 meses ( 75gr ) Não desejo o que senti para o meu pior inimigo

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