DOGVILLE
O Ser Humano deve buscar, antes
de tudo, sua emancipação. A princípio pela educação, que abre portas, toca os
corações e permite que as pedras do caminho possam permitir desvios e saltos. A
segunda grande jornada, a meu ver, é realizada com a busca do conhecimento – um
conhecimento que surge ou deve ser forçado a emergir juntamente com a
curiosidade. Uma curiosidade de saber o que se passa no mundo ao seu redor, na
mente das pessoas que faz ou fará parte do seu convívio, direta ou
indiretamente, e o maior auxílio que pode vir ao encontro deste Hércules são os
livros, a maneira mais rápida, embora árdua de adiantar-se aos acontecimentos e
que conciliados ao tempo e aos relacionamentos interpessoais produz a
sabedoria. A independência financeira vem automaticamente após estas fases e,
embora digam que dinheiro não traz felicidade, não vivemos na antiga União
Soviética, Cuba, e felizmente na Coréia. É a partir dele que conseguimos a
maior de todas as emancipações que é a dos Outros, que como diz Sartre “é o
inferno”. Com ele podemos adquirir os bens de consumo tão valorizados no mundo
capitalista, podemos nos impor enquanto seres humanos dignos de respeito, e
principalmente, podemos escolher nossos caminhos sem estar à mercê dos
desmandos daqueles que dispõe da famosa ajuda católica – aquela em que as boas
obras são apenas um meio para a obtenção da vida celestial, ou instrumento de
barganha com seu deus. A emancipação intelectual passa a ser uma forma de
sofrimento, fazendo uma analogia com Édipo, mas o único meio de sobreviver
entre os lobos.
Polansky.